
A região
Contextualização socioeducacional
Texto de Breno de Souza Julio (Estudante de Licenciatura em Ciências Naturais e Exatas, UFABC)
A região do Pós-Balsa em São Bernardo do Campo possui seis unidades escolares administradas pelo município, estado ou conveniada com o governo municipal. Essas escolas apresentam diferentes características de atendimento educacional, oferecendo ensino infantil, fundamental, médio e a modalidade de educação de jovens e adultos para cerca de 2300 estudantes. As quatro escolas municipais, a escola estadual e a creche conveniada à prefeitura estão distribuídas em três bairros: três no Tatetos, duas no Santa Cruz e uma em Taquacetuba, próxima à ilha do Bororé. Apesar da presença de escolas em diferentes bairros, o transporte escolar é de grande importância para assegurar o acesso dos alunos que moram em locais mais distantes.
Observando os Projetos Político-Pedagógicos (PPPs) das escolas municipais da região, é possível identificar algumas relações entre as ideias que norteiam as práticas pedagógicas e a importância das questões locais no processo de ensino e aprendizagem. O PPP é o documento que permite à comunidade geral conhecer os pressupostos que sustentam as práticas pedagógicas de cada escola. No caso do Pós-Balsa, as escolas demonstram a importância da formação cidadã aliada a temas do cotidiano e contexto social dos estudantes durante o ensino, mas não necessariamente associadas a questões sociais, ambientais e políticas do território. A problematização de questões próprias do território, como a inacessibilidade de serviços públicos de saúde e a falta de saneamento básico na região do Riacho Grande, ainda é pouco discutida nas salas de aula do chamado ensino regular, ou ao menos não considerada no PPP.
No caso da modalidade de educação de jovens e adultos, a EMEB José Ibiapino Franklin, escola localizada no bairro Santa Cruz, considera a “memória e territorialidade” como eixos para o planejamento de práticas pedagógicas na escola, sugerindo uma concepção pedagógica mais sensível à abordagem de temas da região. Esta é a maior escola municipal da região, atendendo 338 alunos do ensino fundamental nas modalidade regular e EJA.
No mesmo bairro, a escola Professora Ivaneide Nogueira oferta a educação infantil (pré escola) para aproximadamente 250 alunos. O PPP dessa EMEB destaca questões importantes sobre a relação entre território com a escola, como a presença de alunos que vivem em outros bairros mais distantes, acessando a escola por estradas ou trilhas que dificultam o percurso em dias chuvosos, diminuindo sua frequência. Apesar disso, a participação da comunidade nas reuniões e eventos que a escola organiza é elogiada no documento, no sentido de que os pais de alunos respeitam e valorizam o espaço escolar e os espaços de gestão democrática.
Na escola Ítalo Damiani, cerca de 139 alunos cursam o ensino fundamental em tempo integral, através do Programa Educar Mais, que promete um período letivo de 9 horas por dia. As escolas deste programa pretendem oferecer atividades diversificadas, buscando ‘ampliar o repertório cultural’ e a promoção do ‘protagonismo infantil’ dos alunos. É a escola mais próxima da Ilha do Bororé, a 3 quilômetros da balsa que faz divisa com a cidade de São Paulo e a 10 quilômetros da balsa do Riacho Grande.
A EMEB Professora Carmen Tabet de Oliveira Marques possui aproximadamente 300 alunos matriculados na educação infantil e no ensino fundamental e também participa do programa Educar Mais. No período do contraturno, o espaço escolar é tomado pelo desenvolvimento de projetos e atividades diversificadas. Um destes espaços é o Ateliê de Artes, utilizado em atividades que buscam explorar o uso de outras linguagens e materiais nos processos de ensino e aprendizagem. As demais escolas municipais também possuem algum espaço dedicado à experimentação artística, chamados de sala de arte, ateliê ou sala maker.
Através dos PPPs, as escolas do Pós-balsa manifestam parte dos desafios, características e ditames da região. Desafios que não são muito diferentes da realidade das escolas públicas de outras regiões do Brasil, como a dificuldade de acesso, a necessidade do transporte escolar e a falta de professores do atendimento educacional especializado. De todo modo, considerando o ambiente escolar como importante espaço de socialização e formação para a comunidade, a escola pode ser um agente potencial para explorar articulações com o próprio território.