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A região

Contextualização ambiental

Texto de Graziela Ramos (Estudante de Licenciatura em Ciências Naturais e Exatas, UFABC)

O território do Pós-balsa em São Bernardo do Campo, região metropolitana do ABC em São Paulo, abriga uma extensa Área de Proteção Ambiental (APA). Com cerca de 70% a 80% de seu território cobertos por remanescentes da Mata Atlântica, este bioma crucial é considerado um hotspot de biodiversidade, ou seja, uma área natural de grande relevância ecológica que enfrenta alto risco de extinção. Isso confere ao distrito do Riacho Grande uma importância vital para a preservação ambiental no estado de São Paulo.

Além de sua vegetação rica, a região do Pós-balsa é integrada à represa Billings, um dos maiores reservatórios de água da região, que possui uma superfície de cerca de 127 km² e um espelho d'água de 106,6 km². Tal reservatório tem capacidade de armazenar 995 milhões de metros cúbicos de água, o que quase se aproxima da totalidade do sistema Cantareira, alimentado por seis represas no total. A proteção ambiental da área é essencial para a contribuição do processo de conservação da represa, já que a vegetação ao redor protege as margens contra erosão e impede que dejetos poluam as águas. Ainda que a região enfrente problemas com a conservação hídrica, a preservação da floresta nativa é essencial para a descontaminação e a manutenção do ecossistema local. A represa Billings é também uma fonte de sustento para a população local, fornecendo recursos para pesca e turismo, atividades que são regulamentadas por leis ambientais e requerem fiscalização rigorosa dos órgãos públicos para garantir sua sustentabilidade. E mesmo que a área seja de preservação, há regiões da represa que enfrentam contaminação com poluentes orgânicos e outros contaminantes prejudiciais para a qualidade da água. 

 

A represa Billings enfrenta diversas fontes de poluição, sendo as principais o recebimento de esgoto proveniente da ocupação urbana na região do ABC Paulista e o escoamento superficial de chuvas, também oriundo dessa área urbana. Essas condições fazem com que a represa se torne um ambiente propenso à eutrofização, um processo caracterizado pelo acúmulo excessivo de nutrientes como fósforo e nitrogênio, em corpos d'água. Esse acúmulo estimula a proliferação de algas e cianobactérias, o que dificulta a passagem de luz pela água e compromete o equilíbrio do ecossistema aquático. Além disso, as atividades industriais na região do ABC Paulista contribuem para a poluição da represa. Dejetos industriais, incluindo metais pesados e substâncias químicas, são depositados no fundo da represa, causando a contaminação dos organismos vivos, especialmente dos peixes. Isso representa um risco significativo para a população que consome pescados da região.

A vegetação do Pós-balsa é um refúgio para uma diversidade significativa de fauna e flora da Mata Atlântica. A floresta encontrada é a Floresta Ombrófila Densa, a qual se dá em regiões tropicais com altas temperaturas e chuvas recorrentes, sem grandes períodos de secas. A paisagem é composta por, principalmente, árvores altas e pouco espaçadas, garantindo um solo rico em matéria orgânica e serapilheira, importante habitat de animais do bioma, principalmente anfíbios e artrópodes. A região apresenta grande biodiversidade, em que se tem muitas espécies de plantas e animais, sendo exemplo a família Myrtaceae de árvores frutíferas como a Goiabeira e Araçá, o sapo-cururu (Rhinella icterica) e o pica-pau-dourado (Piculus aurulentus), incluindo várias espécies ameaçadas de extinção de mamíferos, aves e plantas nativas, como a Saíra-sapucaia (Tangara peruviana), ave endêmica da Mata Atlântica, e o Brachycephalus nodoterga, um sapo também endêmico do Brasil. Assim, a questão ambiental no Pós-balsa é um tema que deve ser abordado com seriedade, tanto pelos órgãos públicos quanto pela população e visitantes da região.

A área do Pós-balsa inclui os bairros de Tateto, Capivari, Santa Cruz, Taquacetuba e Curucutu, que apresentam manchas urbanas consideráveis, compostas tanto por moradores locais quanto pelo trânsito de turistas. A urbanização desenfreada, a fiscalização insuficiente das áreas protegidas, a necessidade de conscientização da população, e a falta de iniciativas de conservação são desafios significativos para a região. Além das áreas urbanizadas, o território é habitado por comunidades indígenas, incluindo as aldeias Tekoa Guyrapaju, Tekoa Kuaray Rexakã (Brilho do Sol) e Tekoa Nhanderu Mirim. Essas aldeias desempenham um papel crucial na conservação ambiental, promovendo o turismo sustentável e a ocupação responsável da região.

 

Em suma, o Pós-balsa é um espaço de conservação ambiental de grande importância no estado de São Paulo, com vegetação nativa protegida e um recurso hídrico vital. É essencial que sejam desenvolvidas ações educativas voltadas para a conservação da biodiversidade, com a participação ativa e apoio contínuo dos órgãos públicos na fiscalização e colaboração às atividades humanas no território. Dessa forma, a região tem importância, não só cultural, mas também ambiental. 

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